Entrevistas

Lívia de Oliveira Vasconcelos - PNAIC UFSCar Entrevista

Dando continuidade a nossa série de entrevistas, convidamos a Formadora Lívia de Oliveira Vasconcelos para falar um pouco sobre a Matemática Interdisciplinar nos Anos Inicias. Lívia, que participa do PNAIC desde 2014, é Licenciada em Matemática pela Universidade Federal de Lavras, e Mestra em Educação com ênfase em Educação Matemática pela UFSCar. 

Matemática Interdisciplinar [00:08]
Anos Iniciais: Abordagem dos Parâmetros Curriculares [
02:12]
A Matemática e o futuro da criança [
03:37]
A Matemática e as relações sociais [
05:38]

Além da entrevista, pedimos também para que ela escrevesse um pouco sobre sua experiência com o Ensino:

"Apresento, nesse pequeno texto, algumas concepções que fui construindo com auxílio dos teóricos que estudei, dos colegas e dos docentes que participaram da minha formação e que foram (re)interpretadas à luz das minhas práticas de ensino. É comum ouvir relatos de professores dos anos iniciais que afirmam não ter nenhum domínio dos conteúdos matemáticos ou de como ensiná-los.

Se por um lado reconheço que o pensamento Matemático é um pensamento sofisticado, pela própria logicidade da sua estrutura, por outro, ouso afirmar que todas as pessoas desenvolvem e praticam, diariamente, habilidades de tal pensamento.  No entanto, para reconhecer tais habilidades, faz-se necessário nos desapegarmos do mito de que a única Matemática que existe é a que encontramos nos livros didáticos, nas Universidades ou no campo científico em geral.

Agricultores, por exemplo, mesmo quando não têm domínio da matemática escolar, desenvolvem estratégias de organização do plantio sustentadas pela noção de área e pelo planejamento da irrigação, que está atrelado à noção de ângulo. Se analisarmos as atividades desenvolvidas por tais profissionais, encontramos uma infinidade de relações como essas que ilustram como o pensamento matemático permeia as atividades rotineiras da vida das pessoas.

Se reconhecermos as matemáticas que são socialmente construídas, fica mais fácil despirmo-nos do mito de que tal conhecimento é construído por heróis e só pode ser aprendido por pessoas que apresentam certa predisposição para aprendê-lo.  Um estudo da história da matemática também contribui para evidenciar que a matemática não é uma ciência pronta, acabada e inquestionável. Tal concepção permite-nos, inclusive, perceber que a matemática apresenta um caráter falibilista, que é omitido nos livros didáticos. Essas características podem contribuir para que lancemos um olhar mais crítico sobre tal ciência.  

Defendo que é importante reconhecer a matemática por vieses que a reconheçam, no espaço escolar, de forma humana e acessível, contribuindo para romper com o pensamento abissal que separa muitas pessoas de tal conhecimento quando este é explorado do ponto de vista científico."

Lívia de Oliveira Vasconcelos
2016

 

 


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